sexta-feira, 31 de agosto de 2012

MINHA MÃE


" Se DEUS É por nós, quem será contra nós ?"
                             Romanos 8:31

Primeiras lembranças: anos 50

Com as idades tão tenras das três filhas queridas,
Vidas essas nascidas de um erro passado,
numa quase choupana do pai velho e doente,
habita a crente com a Fé ao seu lado.

De enxada nos ombros, partindo pra roça,
batalha com raça por nosso bocado.
No bornal tão mirrado, de comida fraquinha,
leva agulha e linha de crochê e bordado.

E bem cedo na roça, sem que o frio a detenha,
faz seu feixe de lenha, de maneira mui ágil.
Sustentando a garra, trabalha pesado;
esforço dobrado, por ser ela bem frágil.

Já se faz quase noite quando em casa ela chega
com a lenha nas costas, e o suor pela roupa.
É o tempo que tem de acender o fogo,
e assim prepar-nos do fubá uma sopa.

E a seguir... dormir??? Nem pense você!
À luz de lamparina ela faz mais crochê!
Abate-a canseira, e a gente a chama:
_  Mãe, quero dormir na cama!...
_  Só mais esta carreira!

O sábado é dia do terrível esfregão
na velha bacia, com direito a sabão.
Bota a gente de “molho”, e com força na mão,
vai nos deixando brancas, sem o antigo cascão.

         Lava a nossa roupa, que de suja é azeda
         com a disciplina de quem lava seda.
         Limpa o chão da casa com água de cinza,
         e com uma toalha ela enfeita a mesa.

Domingo bem cedo, ainda forças  engendra
para, com alegria, demonstrar outras prendas:
na máquina de costura, de pano em pano,
todo rasgo corrige, pra durar mais um ano.

E enquanto cozinha, ela canta pra mim
cantigas antigas, mais ou menos assim:
“Folhas ao vento, quando a bonança veio me abraçar.”
“Acorda, patativa, vem cantar!”

logo a noite chega, abarcando o céu.
Vamos à igreja, de hinário e véu.
“Não olhar pelo caminho as vitrines de bar,
 senão as lombrigas podem nos magoar”.


Hoje, 2.004.:

Isto tudo ainda é pouco, mas concluo, enfim.
Eis o que foi e o que é minha mãe para mim.
Os anos passaram; o milênio mudou.
E se hoje eu posso ser aquilo que sou –
( embora tão pouco eu seja),
devo-o a DEUS, que a tornou benfazeja.

Não tenho calos no joelho; só uma leve marquinha,
o que não se compara aos que minha mãe tinha.
Seu exemplo de Fé fez ligar-me ao Céu.
Hoje está bem idosa, essa serva fiel.

“O justo florescerá como a palmeira... plantado na
Casa do Senhor..... Na sua velhice dará frutos.......
Será cheio de seiva e verdor....”Salmo 92 – 10.


Obrigada, Senhor, por minha mãe Zuleika!

                        Heloísa.     13.07.2.004.






terça-feira, 28 de agosto de 2012

QUERIDO PARENTE AUSENTE

                   "Em homenagem ao meu  pai    E u s é b i o Augusto Valença,
                    de quem muito esperei pela presença e carinho, que infelizmente
                    não me chegaram;  a  quem  devo  meus  traços biológicos, e a
                    quem finalmente aprendi a perdoar e a amar em Cristo Jesus."
                    EUS :
Ouvi bater palma; abri logo a porta.
Julguei estar morta, perante outra alma...

Um dente de ouro, um anel de rubi,
chapéu na cabeça; foi assim que o vi.

                  -    "Mamãe, venha ver alguém diferente,
que diz a tremer ser meu maior parente!"

A tarde chegava no sábado quente,
e ali, sorridente, meu pai me fitava...
                    É :
A camisa alva no escuro terno...
A cabeça calva, o olhar paterno...

O corpo cansado da longa viagem,
 não traz desvantagem ao abraço esperado.

Um hino ele canta; a voz desafina,
e eu, tão traquina, dou bela risada...

O tempo vai embora, tão rapidamente...
"o trem não demora..." "já vai, meu parente ???"
                    BIO:
Recebi a vida, por meio de ti.
Sou-te agradecida, porque eu nasci !

Cresci sem teus braços, sem os teus afagos,
mas sei que teus traços bem fortes, em mim trago.

Teu jeito de crente; o anel de rubi;
Num Sábado quente: foi assim que te vi !

Teu chapéu e o terno, a camisa tão alva,
a cabeça já calva, o Amor tão paterno...

A alegria da vinda, o olhar sorridente.
A angústia da ida, a tua ansiedade...
ADEUS, meu parente!!!
Até A Eternidade!

domingo, 5 de agosto de 2012

É PRECISO TER FOCO



Para sonhar, é preciso ter descanso;
Acordar, trabalhar, ser resoluto.
Realizar o Bem, até que expanso,
Alcance o gosto desse seu bom fruto.

Sonhar um sonho, grande ou pequeno...
O que importa é que seja bom, e sempre exista.
Não permitir que a preguiça, que é veneno,
Hipnofobize o valor da sã conquista.
Ah! Como eu quero sonhar mais nesses meus dias!...
Recitar alegres versos de poesias!...

É impossível realizar, se não se sonha...

Para sonhar, é preciso Amar a Vida;
Rasgar o véu da morte que nos ronda
( Enquanto olhamos só pro nosso umbigo...)
Crer e praticar a boa sorte, e jamais
Insistir num “ não consigo...”
Sonhar é muito mais que só dormir. É a
Oportunidade de criar, de prosseguir.

Ter objetivo; permanecer vivo na corrida;
Entalhar em pedras frases construtivas;
Reescrever a página, mesmo envelhecida...

Formar para si um tempo desejável;
Olhar pro Alto, ser positivo e amável;
Crer Naquele que realizou e recompôs sua
Obra, inda que já fosse ela ínfima na sobra.